Telessaude e Teleodontologia da Faculdade de Odontologia da USP é pioneiro no teleatendimento

Muitos dizem que momentos de grande dificuldade, como guerras e pandemias, são terrenos férteis para o desenvolvimento de grandes avanços e inovações. Pois foi exatamente nesse contexto que a FOUSP (Faculdade de Odontologia e Odontopediatria da Universidade de São Paulo – USP) desenvolveu um projeto pioneiro na implementação de uma plataforma de teleodontologia capaz de atender a centenas de pessoas entre alunos, professores e pacientes. Uma iniciativa que já vinha sendo desenvolvida há alguns anos, mas que por conta da suspensão dos atendimentos eletivos devido à pandemia de Covid19, acabou sendo impulsionada e se tornou um projeto de grande sucesso, reconhecido internacionalmente.  

"No início da pandemia os atendimentos odontológicos eletivos ficaram suspensos em muitos países, até que fossem estabelecidos novos protocolos de biossegurança. No Brasil, o Conselho Federal de Odontologia estabeleceu normas para o uso da teleodontologia, o que nos permitiu planejar e implementar a teleodontologia de forma pioneira na disciplina de Odontopediatria da FOUSP. Com isso pudemos orientar e manter o vínculo com os pacientes e os alunos aprenderam e tiveram a experiência do teleatendimento”, recorda a Professora Titular do Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da USP e também líder do projeto, Ana Estela Haddad.

Diante desse cenário, a FOUSP decidiu criar um modelo experimental de teleodontologia aplicada no curso de graduação voltado para a clínica de atendimento infantil, com o intuito de beneficiar o atendimento dos pacientes e o ensino dos estudantes. O Núcleo de telessaude e teleodontologia da FOUSP nasceu quase junto com o Programa telessaude Brasil, do Ministério da Saúde, em 2007. Na  época teve início uma nova linha de pesquisa, a de teleodontologia, no Programa de Pós Graduação em Ciências Odontológicas da FOUSP, em paralelo foi criada uma disciplina de telessaude e teleodontologia na pós-graduação (que segue sendo ministrada), e uma disciplina optativa de teleodontologia na graduação.

"Os testes iniciais com a V4H foram extremamente positivos, o que levou a escolha dela como a nossa solução. A implementação do sistema de teleatendimento na faculdade de odontologia aconteceu de forma ágil e com muito sucesso. Recebemos inclusive uma premiação do International Congress of Pediatric Dentistry com esse projeto." explica Ana Estela Haddad.

A plataforma como principal desafio

Segundo Ana Estela, o grande desafio para implementar as teleconsultas seria contar com uma plataforma robusta, segura e confiável. Até porque a prática odontológica remota se mostrou mais conservadora que a medicina, visto que o CFO autorizou a teleorientação, mas não o telediagnóstico. Por isso, era fundamental uma plataforma dedicada e que atendesse à LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) com sigilo total dos dados dos pacientes. “A área da saúde obedece a um rígido protocolo para a realização de uma consulta. Ao se fazer esse processo de forma remota, todos esses protocolos precisam ser seguidos. Uma pessoa e seu dentista precisam estar no ambiente correto, as informações precisam ser sigilosas, a interação deve ser eficiente. E isso só é possível com uma plataforma dedicada, desenvolvida dentro dos requisitos estabelecidos pela LGPD”, explica.  

Mas em um período que pegou a todos de surpresa com a interrupção de uma série de atividades corriqueiras, muitos profissionais tentaram se adaptar da forma que podiam com o uso improvisado de aplicativos de mensagem, como o WhatsApp ou ferramentas de teleconferência. “Nós sabíamos que não devíamos seguir dessa forma. Deveríamos desde o princípio ensinar nossos alunos baseados nas melhores práticas. E por isso precisamos de uma plataforma eficiente e que pudesse ser implementada em um curto período”, explica Ana Estela.  

A FOUSP então realizou diversos testes. “Os testes iniciais com a V4H foram extremamente positivos, o que levou a escolha dela como a nossa solução. A implementação do sistema de teleatendimento na faculdade de odontologia aconteceu de forma ágil e com muito sucesso. Recebemos inclusive uma premiação do International Congress of Pediatric Dentistry com esse projeto”, explica.  

Para a conclusão do primeiro projeto, que foi a implementação do Tele Dental Ped, que previa o atendimento híbrido para o núcleo pediátrico, a FOUSP contou com o apoio do NasNuvens para contratação e implementação do V4H. “Eu diria que NasNuvens é um parceiro fundamental para a adoção e o aperfeiçoamento das funcionalidades da plataforma. Com o apoio da RNP, foi possível criar uma plataforma totalmente adaptada às necessidades e características da FOUSP, quase uma plataforma própria”, detalha a Professora. Segundo ela, o apoio das equipes de implementação e consultoria foi fundamental para o sucesso do projeto.  

O primeiro passo para novos projetos inovadores

Segundo Ana Estela, o sucesso do projeto inicial, que já beneficiou mais de 400 alunos e pacientes, garantiu à FOUSP “sinal verde” para novas iniciativas. “Muitos alunos se surpreenderam positivamente com o novo modelo. Por isso, se antes, enfrentávamos alguma resistência junto aos patrocinadores, agora temos a confiança e incentivo para novos projetos. Estou certa de que esse é o primeiro passo para uma grande e positiva transformação”, explica.  

“Com a tecnologia, conseguimos equilibrar essa realidade levando atendimento para áreas que hoje estão descobertas e apresentam uma demanda muito elevada de atendimentos odontológicos”,  conclui Estela.  

O mesmo grupo de pesquisa da FOUSP já foi contemplado em outros editais de pesquisa e está desenvolvendo soluções e modelos de serviços de teleodontologia, como por exemplo o do CAPE/FOUSP (Centro de Atendimento de Pacientes Especiais, coordenado pela Profa. Dra. Marina Gallottini). “Como o CAPE é um Centro de referência para todo o País e a América Latina, há uma alta demanda por atendimento. Considerando os custos de deslocamento, estamos planejando implementar a teletriagem como forma de organizar melhor a demanda e reduzir o número de deslocamentos”.

Outro aspecto destacado é o fato de o teleatendimento ser fundamental para um País de dimensões continentais como o Brasil. Apesar de sermos a nação com o maior número absoluto de dentistas no mundo, temos também uma alta concentração desses profissionais em determinadas áreas e grande carência em outras. “Com a tecnologia, conseguimos equilibrar essa realidade levando atendimento para áreas que hoje estão descobertas e apresentam uma demanda muito elevada de atendimentos odontológicos”, conclui Ana Estela.  

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